terça-feira, 27 de agosto de 2013

Uma Crítica a "Carta a um jovem casal sexualmente ativo"

http://www.novosdialogos.com/artigo.asp?id=1162



1) O autor desse texto basea-se no pensamento de Robinson Cavalcanti.


a) A teologia de R.C. era liberal; muitas de suas idéias eram contrárias ao cristianismo histórico.

        b) Simpatizava-se com os pensamentos Alfred Kinsey que foi um pervertido sexual considerado cientista. Kinsey era polígamo e bisexual; concordava com sua mulher que ambos poderiam ter relações sexuais com outras pessoas e entre si; manteve relações sexuais com um de seus alunos. É considerado por muitos um dos responsáveis pela banalização do sexo nas últimas décadas.

Para saber mais sobre Kinsey: http://en.wikipedia.org/wiki/Alfred_Kinsey

c) R.C. também defendeu a poligamia (o que mostra um entendimento deturpado que tinha da Escritura) e outras práticas anti-bíblicas. Suas definições sobre fornicação beira ao ridículo (ver ponto 3 item d).



2) O autor não se utilizou de versículos para mostrar que seus argumentos são Bíblicos, apenas para afirmar que aqueles que defendem ser pecaminosa a prática do sexo antes do casamento utilizam algumas passagens indevidas. Apesar disso, não demonstrou o porquê de essas passagens serem indevidas (a não ser que chamar os textos mais citados de "chavões textuais" e ignorá-los para "não ser exaustivo quanto as referências" seja uma nova forma de prova científica).

Sobre o utilizar a edição "A mensagem" da Bíblia e citar o "tio Ben" (do Homem-Aranha), me recuso comentar.

Estes  dois pontos são suficientes para invalidar esse texto como fonte de reflexão edificante.



3) Quanto ao conteúdo do texto em si, tenho várias críticas:


a) "[...] como se pureza e a santidade de um namoro pudessem apenas ser avaliadas, embora eu pense que isso não se avalia, pela ausência da dimensão erótica."

Tomara que este seja o pensamento do autor e só dele! Se a Bíblia é a única regra de fé ou prática, não devemos negligenciá-la em nem mesmo um único ponto, e ela é bem clara quanto à avaliação da pureza e santidade:  "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice." (1Co.11:28 - uma prática comum dos puritanos e reformados do passado era, ao final do dia, avaliarem a si mesmos por todas as palavras, pensamentos e obras que haviam praticados durante o dia; que homens!) Se a Palavra ordena que sejamos santos ("sede santos porque Eu sou santo" e "segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá a Deus", dentre outros vs.) não entendo como posso me tornar cada vez mais santo sem ter um padrão de santidade pelo qual avaliar meus relacionamentos.

Embora a "dimensão erótica" não seja o único padrão pelo qual se deva avaliar a pureza e santidade, é sim um padrão, e muito bem estabeleciodo pela própria Escritura. "Dimensão erótica", a meu ver, não se refere apenas ao sexo mas também a fatores tais quais vontades e desejos, dentre outros. Ora, a cobiça pelo prazer a qualquer custo, adultério e perversão sexual, por exemplo, não seria uma falta de santidade e pureza? O autor poderia pelo menos definir melhor o que é essa tal "dimensão erótica".


b) "Tem-se preferido, assim, ignorar que boa parte dos casais de namorados hoje não vive de acordo com tal imperativo, consciente e saudavelmente, ou clandestina e culposamente. "

O velho hábito brasileiro de justificar um erro com outro! Se todos os homens praticassem blasfêmia, (consciente e saudavelmente, ou clandestina e culposamente), a blasfêmia deixaria de ser pecado? Não! Ignorar que "todos" casais de namorados praticam o sexo não faz essa prática menos pecaminosa; a única consequência disso é que Deus julgará aqueles que são responsáveis por não pregar e exortar contra ela. Serão todos culpados!


c) "As exigências da igreja com relação à sexualidade há um bom tempo têm sido hipócritas, presunçosas e legalistas, tudo em nome de uma idolatria biblicista travestida de fidelidade à Bíblia."

Gostaria de saber a quais "exigências" (note o plural) o autor se refere. Desde que as exigências da igreja sejam as exigências bíblicas, considerá-las hipócritas, presunçosas e legalistas é loucura, a menos que ele não seja realmente um cristão.

"Idolatria biblicista"? A Bíblia é a Palavra de Deus inspirada e infalível; serve para instrução dos santos e para a própria glória de Deus; é vida eterna, liberdade, verdade e muito mais! Ele está falando sério?  Se realmente soubéssemos o que é fidelidade à Bíblia tentaríamos nos esconder debaixo de montanhas para fugir da ira de Deus, e certamente o mundo diria: "coitados loucos idólatras da Bíblia!"


d) "Não estou dizendo que estes preceitos não existem nem que não sejam válidos, mas sim que faltam discernimento e honestidade intelectual no momento em que os aplicamos, muitas vezes (senão na maioria delas) fora de seu devido contexto."

Os puritanos foram os maiores defensores da pureza, castidade e santidade (em todos os aspectos). Esses homens de Deus viviam o que pregavam; a simples leitura de suas biografias nos deixa constrangidos! Eles não foram, apenas, notáveis teólogos, mas dominaram variadas áreas do conhecimento; deles surgiram algumas das melhores universidades do mundo (Yale, Princeton e Harvard dentre muitas outras). Jonathan Edwards foi é considerado, por muitos, o maior filósofo que já houve nos EUA; John Owen, uma das mentes mais brilhantes da Inglaterra. A lista de nomes é imensa.

Para eles, o sexo fora do casamento não poderia sequer ser considerado. E não nos limitemos a exemplos do passado: John Piper, Washer, Mark Dever, Albert Mohler, Sproul, Steven Lawson, Augustus Nicodemus e milhares de outros intelectuais da atualidade concordam que o casamento é o âmbito estabelecido por Deus para a prática do sexo.

Será que realmente falta "honestidade intelectual" ao se afirmar que o sexo fora do casamento é um ato pecaminoso?
 
(Sobre a "fornicação"): John Gill, um dos melhores e mais brilhantes exegetas, escreveu em seu aclamado comentário expositivo :

http://beta.biblestudytools.com/commentaries/gills-exposition-of-the-bible/ephesians-5-3.html
http://beta.biblestudytools.com/commentaries/gills-exposition-of-the-bible/galatians-5-19.html


e) "E é assim que muitos dos que com certa jactância se proclamam crentes bíblicos tratam a Bíblia: como um objeto de veneração, que acaba anulando a reverência à Palavra Divina, empobrecendo e enclausurando-a em seus preceitos humanos (demasiadamente humanos?). "

Definição de "venerar" do Dicionário Priberam: ter estima respeitosa por; tratar com muito respeito; ter em grande consideração.

Definição de "venerar" do Dicionário Aurélio: render culto a;  reverenciar; respeitar; acatar.

Não entendo como alguém pode venerar e, ao mesmo tempo, "anular a reverência à Palavra Divina". Isso seria, no mínimo, um despropósito. Quem "empobrece" e "enclausura" a bíblia em "preceitos humanos" (seja lá o que o autor quis dizer com isto), não venera a Bíblia nem nada dela entende.


f) "Mas acabam entrando na vala comum porque é mais fácil pensar a Bíblia como um manual de boa conduta, com regras específicas para tudo o que consideramos como má conduta, que como a Palavra de Deus que, em si, é um convite a uma obediência com discernimento e boa consciência diante de cada situação vivida." 

Que colocação infeliz! Apesar de não se resumir a isso, a bíblia é também um manual de boa conduta com regras específicas; não se trata de regras sobre o que consideramos má conduta, mas que o próprio Deus considera má conduta; se fomos regenerados, tivemos nossos pensamentos renovados e estamos nos conformando à Cristo (Rm.12:2 ;  Rm.8:29 - lembrando que o texto se dirige a cristãos),  o que consideramos como má conduta deve ser o que o próprio Deus considera como má conduta.  Aqui entendo que há uma certa confusão do autor já que ele mesmo diz que a bíblia é um convite à "obediência com discernimento"; será que ele discerniu bem o que devemos obedecer?

Além disso,  ao contrário do que ensina a cultura, regras são necessárias e boas (e não confundam regras com legalismo!) Paul Washer fala sobre isso no vídeo do link abaixo entre os minutos 5 e 15:

http://www.youtube.com/watch?v=zd7Qg7Vebg0

Obs.: Basta ler o livro de Provérbios para se dar conta de que a Bíblia é também um "manual de boa conduta".


g) "Corro aqui o risco de levar muitas pedradas, mas é o preço da honestidade e de não mais estar disposto a esse jogo de faz de contas que há muito grassa em nosso meio, ou seja, faz de conta que eu não sei que vocês transam e vocês fazem de conta que seguem a lei da abstinência pré-matrimonial. É preciso dar um basta nessa hipocrisia, mesmo que como gritos que serão ouvidos por poucos e execrados por muitos." 

O argumento apresentado aqui é um insulto à inteligência. Obviamente é preciso dar um basta nessa hipocrisia. Mas seria um tanto quanto pretencioso, vulgar, mundano e herege fazer isso desfazendo-se das verdades Bíblicas. Como já disse num ítem anterior, se uma prática pecaminosa é comum, ela não deixa de ser pecaminosa, pelo contrário, atesta o derramar da ira de Deus no presente momento. Se todos os casais cristãos mantêm relações sexuais e "fazem de conta que seguem a lei da abstinência pré-marital", tanto a fornicação quanto a mentira e o engano não deixam de ser pecado! Se todos "fazem de conta que não sabem", a omissão não deixa de ser pecado! A lei moral de Deus (Ex.20) não foi abolida pela graça.


h) "[...] não estamos falando de pedaços de carne em atrito e fricção em busca de prazer pura e simplesmente, mas nos referimos a duas pessoas, que têm sentimentos, que sofrem, que choram, se emocionam, se fragilizam quando se decepcionam, quando amam, quando se machucam."

Aqui está uma consequência terrível da queda: o antropocentrismo. Quando falamos de sexo não falamos de duas pessoas, mas de Deus e duas pessoas! Sim, a glória de Deus é o maior motivo do sexo. Ao afirmar que falar de sexo é "se referir a duas pessoas", o autor nos dá um retrato perfeito da humanidade: egoísmo e rebeldia contra Deus. EU sinto, EU sofro, EU choro, EU me emociono,  EU me fragilizo, EU me decepciono, EU amo, EU me machuco. EU, eu, eu. Deus não faz parte de nenhum processo. Ah! Engana-se quem pensa que o sexo é um ato que diz respeito apenas aos dois indivíduos envolvidos fisicamente; terrivel erro comete aqueles que não glorificam a Deus no relacionamento íntimo, não buscam satisfazê-Lo em primeiro lugar e se apartam de Deus no ato sexual.

"Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus." - 1Co.10:31


i) "Escrevo para dizer que está nas mãos de vocês o querer fazer certo, fazer bem, fazer com amor, fazer durar o relacionamento enquanto se é vivo, e isso também é dádiva divina."

Novamente o antropocentrismo! Não está nas nossas mãos o querer fazer o certo e o bem (se é que fomos regenerados) "porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade." - Fp.2:13. Se não fomos regenerados, pior ainda tornou-se o caso:

"Como está escrito:Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só." - Rm.3:10-12

"Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?" - Jr.17:9

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Se você se arrepende das práticas sexuais ilícitas já praticadas, confesse seu pecado a Cristo pois ele é fiel e justo para perdoar. Ele pode transformar seu relacionamento para que o próprio Pai seja glorificado e para que você desfrute da imensa alegria do prazer verdadeiro.

Alguns links sobre o tema:

http://tempora-mores.blogspot.com.br/2008/07/carta-um-jovem-evanglico-que-faz-sexo.html
http://www.gracebaptist.ws/sermons/notes/PuritanStudy/Puritan2.html


Soli Deo Gloria

Rafael Abreu