quarta-feira, 12 de junho de 2013


As dez virgens – Parte III
Robert Murray M'Cheyne


"Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro. Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas. E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam. Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós, ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós." - Mateus 25:6-9

Há algo doce naquele clamor da meia-noite: “Aí vem o esposo”. Será um dia terrível até para os filhos de Deus.
Primeiro, todas as mudanças repentinas são espantosas. Muitas pessoas foram mortas pela notícia inesperada de algo alegre. Quão terrível e alegre, então, será aquele clamor, quando ouvirmos que todas armadilhas e preocupações se passaram, que o pecado não reinará mais no mundo!
Segundo, o destino de nossos amigos impiedosos será espantoso. Todos nós temos amigos ímpios, por quem oramos para que se convertam. Quando aquele clamor vier, será o lamento de suas almas; apesar disso, será um dia de alegria. Em Mateus 24:32, esse dia é comparado ao verão. Será o verão da alma – o inverno será passado. “Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, e cura trará nas suas asas” (Ml.4:2). “E será como a luz da manhã, quando sai o sol, da manhã sem nuvens, quando pelo seu resplendor e pela chuva a erva brota da terra.” (2Sm.23:4). “Ele descerá como chuva sobre a erva ceifada, como os chuveiros que umedecem a terra” (Sl72:6).

Mas, acima de tudo, o clamor “Aí vem o esposo” reavivará os corações abatidos daqueles a quem Ele escolheu. Isto nos lembrará do tempo em que Ele mesmo nos escolheu para sermos Seus – o tempo do amor, quando Ele nos cortejou e disse: “Vocês serão meus, e não te prostituirás” (Os.3:3). Ele que nos amou e morreu por nós, e prometeu que retornaria e nos receberia para si mesmo - “Aí vem o esposo”. Ah! Considerem, amados amigos, se será um tempo de alegria ou de gemido para vocês. Pecador descuidado, o que será de ti?

I. A descoberta: “nossas lâmpadas se apagaram”

Um pavio seco brilha por um instante. Da mesma maneita, os hipócritas frequentemente professam a fé até o fim; às vezes, é muito vistoso e evidente. Muitas coisas podem despertar o hipócrita:

1. Sua situação é descrita nos sermões

Frequentemente o ministro é guiado por Deus para falar exatamente sobre a condição desses. Frequentemente a Palavra chega muito perto de sua consciência. Muitas vezes, certamente, eles levam a Palavra para casa. Mas, de uma forma ou outra, eles são derrotados.

2. Veêm a conversão de outros
Os hipócritas, com frequência, veêm outros, a seu lado, passarem por uma transformação salvadora. Eles os veêm convictos do pecado, deitados no pó, trazidos a Jesus, cheios de alegria, vivendo uma nova vida, vencendo o mundo. Isso pode abrir seus olhos para que vejam que a mudança que professam ter é falsa e vazia.

3. A morte dos outros

Ver outros que se foram, deve ser algo solene para os hipócritas. A morte tira toda máscara, pois chama a alma. Convicções fingidas, graça fingida e falsas palavras de piedade, agora não serão de nenhum proveito. Quando hipócritas veêm outros cortados da terra, sempre penso que certamente se converterão,mesmo assim, isso não acontece.

4. Eles vivem pela aparência, e não querem se desfazer dela

Eles fizeram uma profissão de fé, e não gostam de voltar atrás. Os pregadores têm estado contentes e satisfeitos com eles, e pessoas piedosas os estimam, e eles não querem desistir de tudo. Assim, Judas foi estimado como verdadeiro discípulo por um longo tempo, e manteve sua profissão de fé até o fim.

5. Frequentemente enganam a si mesmos

Eles têm um conhecimento, e confudem isso com graça. Têm forma de piedade, oram secretamente e com a família, mas enganam a si mesmos e aos outros. Suas lâmpadas se apagarão na volta de Cristo. Nenhum brilho, nenhuma centelha. Qual a razão?

6. Não há graça em seu interior

Suas lâmpadas se apagarão porque não terão óleo. Eles queimarão por um tempo, como acontece com o pavio seco, com grande brilho; mas logo a chama diminui, e se apaga por falta de óleo. Este é o caso dos hipócritas. Eles não têm uma fonte de óleo gracioso em seus corações. O Espírito de Deus com frequência vem sobre eles, mas não habita neles. Assim foi com Balaão. Seus olhos foram abertos, viu muito da alegria do povo de Deus, desejava morrer a morte de um justo (Nm.23:10); mas não tinha o óleo em sua lâmpada, e por isso, sua lâmpada se apagou. Assim foi com Saul. “Deus mudou seu coração em outro” e “o Espírito de Deus se apoderou dele” (1Sm.10:9-10); mas ele não tinha óleo em sua lâmpada, não tinha a habitação graciosa do Espírito. Isso fez com que se desviasse de Jesus, e sua lâmpada se apagou.

7. Eles terão de comparecer perante Cristo.

É muito fácil parecer cristão diante dos homens. “[...] pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração.” (1Sm.16:7). Enquanto os hipócritas tiverem de comparecer apenas diante dos homens, eles poderão manter as aparências. Eles podem falar, ler e orar como se fossem filhos de Deus; mas quando o clamor vier “Aí vem o esposo” (Mt.25:6), eles saberão que deverão comparecer diante de Cristo, que sonda os corações. Quando Jessé trouxe seus sete filhos, Samuel olhou para Eliabe e disse: “Certamente está perante o SENHOR o seu ungido”, mas Deus disse: “Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o SENHOR não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração.” (1Sm.16:6-7). Ah, irmãos! Há muitos de vocês que, agora, podem vir audaciosamente perante o homem, embora vocês mesmos saibam que são ímpios, que nunca nasceram de novo e vivem em pecado. Vocês podem sentar perante algo sagrado sem medo ou vergonha, mas quando Cristo vier, sua lâmpada se apagará, você não será capaz de suportar o brilho de Seu olho santo. Oh! Ore por um interesse em Cristo agora, para que você esteja diante do Filho do Homem em sua volta.


II. O pedido do aflito

Naquele dia, hipócritas pedirão aos piedosos por misericórdia: “Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam.” (Mt.25:8).

1. Os hipócritas então verão a diferença entre eles e os piedosos.

Suas lâmpadas se apagarão. Mas a lâmpada dos verdadeiros piedosos continuarão queimando com brilho e clareza. No presente, os hipócritas pensam que são tão bons quanto os outros. Eles pensam que não existe diferença entre eles e o povo de Deus. Porém, naquele dia ficarão convictos de que existe um grande abismo fixado entre si.

2. Eles verão que felicidade é ter azeite em suas lâmpadas.

No presente, muitos de vocês não veêm que precisam da graça. Não veêm que seriam muito mais felizes com a graça em seus corações. Vocês preferem continuar do jeito que estão. Mas naquele dia, vocês clamarão: “Dai-nos do vosso azeite”! Vocês verão a paz dos piedosos naquele dia. Eles estarão firmes em meio a um universo em destruição. O sangue de Cristo em na consciência deles os dará paz permanente. Vocês verão suas faces alegres, ao ouvirem o clamor, ao ouvirem os passos do noivo chegando. Vocês ouvirão deles o som de louvor ao receberem seu Senhor e Redentor. No presente, os piedosos são pobres e desprezados. Frequentemente em dificuldades, castigados a cada manhã, e vocês não se juntariam à eles. Mas naquele dia, eles serão como pedras numa coroa, como filhos de um rei.

3. Eles pedirão os piedosos.

No presente, os hipócritas desprezam os piedosos e não os pediriam nada. Quando uma pessoa verdadeiramente piedosa lhes advertem ou chama-lhes a atenção, vocês ficam ofendidos. Mas naquele dia vocês, em desespero, ficarão satisfeitos em pedir a qualquer um. Vocês ficarão satisfeitos em pedir seus amigos piedosos e ministros piedosos. Vocês que se perguntam o que faz alguém ir falar com os ministros, vocês que zombam e ridicularizam os verdadeiros piedosos, dirão a eles: “Dai-nos do vosso azeite”. Hoje, ministros e piedosos batem à sua porta, suplicando a vocês para que obtenham o azeite da graça em seus corações; mas naquele dia, vocês baterão à porta deles, clamando: “Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam.”.



III. O desapontamento – os piedosos não poderão dar: “Não seja caso que nos falte a nós e a vós”

1. Não está ao alcance deles dar a graça.

Agrada a Deus usar os piedosos como instrumentos, mas Ele não concedeu a eles que fossem fonte de graça: “Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento.” (1Co.3:6). Raquel disse à Jacó: “Dá-me filhos, se não morro”. E a ira de Jacó se acendeu contra Raquel: “Estou eu no lugar de Deus, que te impediu o fruto de teu ventre?” (Gn.30:2). Da mesma maneira, a graça não está nas mãos do homem. Aqueles que receberam a Cristo “não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. ” (Jo.1:13-14). Portanto, é em vão que vocês olhem para outros meios para alcançar graça salvadora à sua alma. O machado não pode cortar a mão do lenhador. O jarro que carrega a água não é a fonte. Será em vão o pedir aos filhos de Deus naquele dia terrível. Vá a Jesus agora!

2. Eles não possuem de sobra.

Apenas os justos serão salvos. Todos filhos de Deus possuem a quantidade de graça que os levarão para o céu, e nada mais. Até mesmo agora, os filhos de Deus sabem que não têm nenhuma reserva. Eles não têm muito do Espírito Santo, os ajudando em oração, a lamentarem o pecado e a amarem a Cristo. Em tempos de tentação o crente sente como se não tivesse o Espírito Santo. Ele tem mais necessidade de receber do que habilidade parar compartilhar. Quando Cristo vier naquela hora solene, ele se sentirá como se não tivesse sobras para dividir com outros.

Oh, queridos irmãos, vão e comprem por si mesmos! Vocês que sabem que são ímpios, vão à Jesus, antes que o clamor seja feito, e obtenham graça. Os santos não podem dá-la a vocês, ministros também não. Toda nossa fonte está em Jesus. Nele o Espírito habita sem medidas.

Senhor, incline os corações deles para que corram a Ti!



(Tradução: Rafael Abreu)   

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